27 março 2008

a lógica do bidé

Fui, também um dia destes, tomar café com um amigo na cidade pombalina de Vila Real de Santo António.
Foi lá que tive a confirmação de um dos mais estranhos hábitos das gajas. Outras, que não eu. Que fique isto claro!
Vou à casa de banho e deparo-me com um lindo quadro. Duas sanitas lado-a-lado. E simetricamente dois bidés, dois baldes do lixo, dois lavatórios, dois sabonetes, duas toalhas e mais qualquer coisa em duplicado de que agora não me lembro.
Estranhamente, houve alguém que resolveu anuir ao estranho hábito das gajas irem aos pares à casa de banho. Outras gajas que não eu. Que fique claro!
Nunca percebi a mania. E muito menos percebo o facto de alguém ter pensado nisso e arranjado forma de tornar tudo mais confortável para quem se desloca em grupo.
Há mesmo malucos para tudo!

esta noite

Esta noite apetece-me jogar almofadas ao chão. Atirar pratos à parede. Rasgar lençóis. Descoser peças de roupa. Riscar móveis. Partir cadeiras. Arrancar cabelos. Fazer nódoas negras no corpo. Dar cabeçadas na parede. Pôr a música aos berros. Afugentar os vizinhos.
E gritar. Gritar muito. Apetece-me encher os pulmões de ar e soprá-lo cá para fora com toda a minha raiva. Quero gritar. Esbracejar. Estrebuchar. Barafustar. Atirar-me à Ria. E deixar-me abandonada.
Mas permaneço neste silêncio ensurdecedor.
E deixo-me consumir por ele.
Acabo por me render.

26 março 2008

histórias

Precisei, no outro dia, de ir à DGV. Como não sabia como lá chegar, larguei o carro no primeiro canto livre que encontrei, relativamente perto do local que me haviam indicado.
O sol fazia-me fervilhar o pensamento. E o meu passo acelerado e descoordenado quase me fez cair ao chão. A sensação de achar que ia perder mais tempo à procura do que aquele que tinha disponível, levou-me a abordar o primeiro rosto que o meu olhar cruzou.
- Sabe dizer-me onde fica a DGV? Disseram-me que era por aqui, inquiri tentando não assustar com a minha pressa quem se preparava para me responder.
- Sim, eu levo-a lá, disse-me o senhor.
- Não, não é preciso. Diga-me só como lá chegar?, pedi impaciente, após perceber a clara dependência do simpático homem.
- Eu levo-a lá. Não se preocupe, insistiu, alheio ao meu desagrado.
Conformada com a minha companhia, segui o seu passo.
O desgraçado do homem preparou-se para atravessar a estrada comigo à sua perna. Qual não foi o meu espanto, quando conseguiu parar quatro vias de trânsito frenético só para me deixar passar.
Sorri e agradeci ao perceber que, ao longo dos últimos tempos, este foi o gesto mais simpático que alguém teve comigo.
E lá fui eu, toda contente, acompanhada de um agarrado, avenida acima, até à DGV. Como compensação, cravou-me 50 cêntimos para beber um café.
Dada a simpatia, nem me importei. Apesar de continuar a achar que já não se fazem homens como antigamente.

25 março 2008

o tempo, o tempo...

E o tempo continua a passar...
E hoje tirei a hora de almoço para ir ali ao canto chorar um bocadinho.
E depois passou-me.
E recompus-me.
E sinto-me agora pronta para uma nova batalha.